domingo, 27 de junho de 2010

fumando janelas.

A dor do cigarro que trago
amargo, espreitando à noite
janelas acesas, pelas grades vejo.
O chiado mudo que escuto,
criada a confusão
que retumba em meu pulmão.
Respiro pior
mas, mais atento
à fumaça, me acalento.

É como o vento a açoitar
o vidro delicado
que geme e sussurra
o corpo que se esmurra
num gesto desdenhado
o fumo dobrado.

Fechou-se a cortina!
Mas a janela ganhou novos contornos,
já que a luz ainda margeia
e o brilho permeia
e o alumínio parece adorno.

O cigarro se apagou
e ainda estou acordado.