quarta-feira, 12 de maio de 2010

Mandacaru

"Que me perdoe a sinceridade,
meu caro conhecido,
que apesar da idade
tem lassos sinais de cansaço
e ainda gurada mocidade,
mas, seu juvenil gesto de amor
de louvar seu doce mandacaru em flor,
não é o verdadeiro sinal
daquele ímpeto frugal,
dos que se iniciam com ardor.

É o mandacaru em fruto
com sua viscosidade
e aspecto carnal
com que os recém-rapazes
se mostram sagazes
e prontos para a rima
desconcertada e temida
que jacente está em mandacaru:

Linda e jovem flor de mandacaru,
é teu fruto o que eu quero,
e não teu amor sincero,
me dá logo o seu ...."

Férias de verão

Dedico aos meus amigos Flávio, Érika e Tia Fá.

De súbito, ressuscitam memórias
de um tempo bom.
Daquelas velhas glórias,
de jovens à toa e pé no chão.

Pés tortos, numa saia de baiana,
com riso e deboche.
Noites à dentro, vela a derreter,
idéias, sonhos e nada de cama.

E no teatro às escadas,
escorregam gargalhadas,
erro e pó de imaginação.
E o sopro com a mão no queixo,
fez passar voando,
como em um turbilhão,
como que com desleixo.

Imagens, que se passam
faces que marcaram,
o trevo, a Ana
e a água da cana.

Ah! E o moço do cruzeiro
com rabo de gato,
cabeça de máquina de escrever...
é tanta coisa
que faz renascer
o desejo de voltar àquelas tardes
à porta da casa
esperando as estrelas,
procurando seres de outros planetas.
Ou mesmo achando tê-los achado,
ao avistar um Balão de São João.
E assim se passavam os dias,
todos os dias, em minhas férias de verão.