Em meio a fotos
teu seio em foco.
Minhas mãos desnudas
em teu ventre afunda
o meu desejo de ter você.
No céu, a lua descobre
as matas ao redor.
É gemido em teu semblante,
E dos amantes
o suor.
Um grito, teu sussurro
giras a cabeça sem rumo.
Tomas meu corpo
ama-me a torto
e a direito.
Consome a noite
hoje sem leito.
Amor assim,
estúpido, carnal
se vê logo o fim
como no carnaval.
Na quarta-feira, cinzas
No sábado,
chama.
E ainda hoje sozinho na cama
pressinto a sua vinda.
E permanece em mim
o sentimento de poesia inacabada
Algo está por vir.
sábado, 31 de janeiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
De mãos livres
Sobressalta o coração do amante
ressalvas do amor
que cego segue sem sim
sem sentir o clamor bárbaro
dos dias que minam a nossa história
que vive de glórias
passadas a tentar sangrar a cor
dos olhos meus que fitam
tuas íris multicoloridas
são idas e vindas
de vidas já esquecidas.
Me fizeste pelas chamas passar
de pés virados pra trás
pra não perceber o quanto já havia percorrido
e perdido
pelos teus seios
em que horas passeei
e de quando me lembrei
do fulgor juvenil
das noites maldormidas
e nem dormidas
vendo o pôr-do-sol
e esquecendo de pôr o lencol
deitando mesmo sobre a relva
sem leis da selva, sem testa calva
e as lembranças enegrecidas
pelos teus únicos sorrisos.
Peço perdão a mim
e a mais ninguém.
Seu sorriso foi deboche
da minha falha tentativa
de te fazer feliz, enfim.
ressalvas do amor
que cego segue sem sim
sem sentir o clamor bárbaro
dos dias que minam a nossa história
que vive de glórias
passadas a tentar sangrar a cor
dos olhos meus que fitam
tuas íris multicoloridas
são idas e vindas
de vidas já esquecidas.
Me fizeste pelas chamas passar
de pés virados pra trás
pra não perceber o quanto já havia percorrido
e perdido
pelos teus seios
em que horas passeei
e de quando me lembrei
do fulgor juvenil
das noites maldormidas
e nem dormidas
vendo o pôr-do-sol
e esquecendo de pôr o lencol
deitando mesmo sobre a relva
sem leis da selva, sem testa calva
e as lembranças enegrecidas
pelos teus únicos sorrisos.
Peço perdão a mim
e a mais ninguém.
Seu sorriso foi deboche
da minha falha tentativa
de te fazer feliz, enfim.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Noite Fria
Acordou com seu coração engasgado na garganta. Tinha a sensação de que o frio invadira seu leito, devido ao pesado suor que deixara escorrer sobre a roupa de cama. Assim foi a noite de João. Mais uma, como muitas que ultimamente vinha passando.
Dormira tarde novamente e, apesar dos dedos cansados de passar de conta em conta, em uma intensa missão cujo objetivo era o sono alcançar, nem mesmo suas preces pareciam fazer efeito. Acostumado que já estava, jogou bruscamente seu cobertor contra o ar, enquanto suas pernas buscavam encontrar chão firme. Era assim desde novo, nunca jogava-se da cama sem antes perceber o solo. Talvez fosse uma marca de como lidava com a vida. Mas, era apenas um hábito que adquirira desde a infância.
Reconhecendo seu quarto, os poucos móveis que o compunham e a fraca luz que adentrava pela porta do banheiro, iluminou o abajur que ficava sobre o criado-mudo que pertencera a sua bisavó. Estendeu os braços, erguendo-se. Buscou apoio em algum livro, mas não havia nada do que ainda não soubesse ou sobre que já não tivesse lido.
Subitamente, um grunhido agudo rompeu o silêncio que pairava em seu quarto. Procurou, sobre as pontas dos pés, algo que não alcançava sem auxílio, em uma prateleira que certamente pertencera ao antigo proprietário daquele imóvel. Malograda a tentativa, de mãos vazias, vasculhou todos os cômodos de sua casa.
Na sala, as cortinas baloiçavam no ritmo da suave brisa que entrava gélida pelas janelas entreabertas. E sobre o sofá, percebeu uma sombra que parecia-lhe muito familiar. Um gato branco de formas arredondadas fitava o movimento das cortinas. Parecia compreender uma beleza singela que, aos olhos de João, passava desapercebida. Sentou-se no sofá ao lado do gato e procurou também entender que estranha sensação era aquela que sentia o animal.
Hipnotizado, recostou a cabela, aconchegando-se ao lado do felino e encolheu-se como um feto. Jurava ouvir “der Tod und das Mädchen”, de Schubert, soando ao longe, acompanhando as cortinas. Lentamente, cerrou os olhos.
Um sopro gelado atingira seu peito. O gato, fitando seu dono, lambeu-lhe a face, mas não recebeu o carinho que outrora costumava receber num gesto de retribuição. Pulou a janela e parou por um momento. Parecia olhar pra trás, como que certificando-se da imobilidade daquele que fora seu dono. Sob a lua azulada, desceu pelo jardim daquela casa de tons amadeirados. Ao portão, como uma sentinela, aguardava-o uma mulher de vestes negras e feições felinas. Era mais um lar que deixava pra trás. Era mais um trabalho dentre sua perene missão.
E o vento continuou a mover as cortinas que dançavam no ar daquela sala, que agora parecia ainda mais frio...
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Alceu Valença - Coração Bobo
Meu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
Zabumba, bumba esquisito
Batendo dentro do peito
Teu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
O coração dos aflitos
Batendo dentro do peito
Coração bobo, coração bola
Coração balão, coração São João
A gente se ilude dizendo
Já não há mais coração
Como quem diz não tem jeito
Zabumba, bumba esquisito
Batendo dentro do peito
Teu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
O coração dos aflitos
Batendo dentro do peito
Coração bobo, coração bola
Coração balão, coração São João
A gente se ilude dizendo
Já não há mais coração
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Lágrima
A lágrima,
mãe das horas minhas,
olhos encolhidos,
sábias lágrimas que choram sozinhas.
saudades com gosto de sal.
mentiras e gestos insípidos.
o medo e dureza do mal.
que é azul profundo e dor nas entranhas,
trem que te leva
e passa com a pressa
de quem já se foi
e já não sabe voltar.
e a morte do nosso amor,
no jardim de hortênsias
ontem vivas, hoje cinzas
ao som de um sino, um louvor.
São três badaladas.
três vezes te amei:
antes , durante e depois.
São três lágrimas
que molham o semblante que cultivei
E por fim, o inevitável torpor agonizante,
é o travesseiro e é o cobertor.
mãe das horas minhas,
olhos encolhidos,
sábias lágrimas que choram sozinhas.
saudades com gosto de sal.
mentiras e gestos insípidos.
o medo e dureza do mal.
que é azul profundo e dor nas entranhas,
trem que te leva
e passa com a pressa
de quem já se foi
e já não sabe voltar.
e a morte do nosso amor,
no jardim de hortênsias
ontem vivas, hoje cinzas
ao som de um sino, um louvor.
São três badaladas.
três vezes te amei:
antes , durante e depois.
São três lágrimas
que molham o semblante que cultivei
E por fim, o inevitável torpor agonizante,
é o travesseiro e é o cobertor.
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